terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Dom Antonio de Mariz

Destes meus neo-antepassados, Dom Antonio de Mariz, ou melhor, Antonio de Marins Coutinho, é, junto com Aleixo Manuel, dos mais interessantes. Digo neo-antepassados porque só os conheci há uns meses, graças ao Rodrigo Estrella; com Acciaiolis e Dorias e Moraes convivi a vida toda. Com estas linhas de cariocas quatrocentões, quase quinhentões, estou ainda me habituando.

José de Alencar era mau historiador. Ou pouco passava, do que soubesse de história, para os romances. Para começar, nada de “Dom” Antonio de Mariz. Só Antonio de Marins Coutinho, sem o Dom. Poucas famílias, na verdade, levavam o Dom, então, em Portugal, além da casa real e de uns poucos titulares: um ramo dos Mascarenhas, os Costas do Armeiro-Mor, os Silveiras dos Barões de Alvito, Manuéis e ramos dos Mellos, ambos descendendo de diferentes bispos da Guarda, de quem tiraram o tratamento; alguns ramos dos Sousas do Prado; os Almadas.

Era também mau heraldista. Cita, logo no começo de O Guarani, as armas dos Marizes ou Marins: seguindo as convenções da heráldica, estas são de azul com cinco vieiras de ouro, em cruz, acompanhadas de quatro rosas de prata. Timbre: um leão de ouro, nascente. Bom, eis como Alencar blasona, confusissimamente, o mesmo escudo d'armas: em campo de azul cinco vieiras de ouro riscadas em cruz entre quatro rosas de prata sobre palas e faixas. (...) E por timbre um meio leão de azul com uma vieira de ouro sobre a cabeça.

Antonio de Marins Coutinho, o personagem histórico, morre em 1584, ou pouco antes, porque naquele ano é substituído como mamposteiro-mor dos cativos. Fora provedor da fazenda real no Rio, ao menos desde 1563. Alencar coloca as terras de Dom Antonio de Mariz à sombra do Dedo de Deus — cenário romântico — onde vai ser Teresópolis no século XIX, às margens do rio Paquequer. Antonio de Marins Coutinho tem terras nas margens da baía da Guanabara, pelo centro urbano carioca, e uma sesmaria na área dos rios Inhomirim e Saracuruna, pela Raiz da Serra.

A família de Dom Antonio de Mariz, em O Guarani, era formada pela mulher Dona Lauriana, pelo filho Dom Diogo, pela filha Dona Cecilia, e por uma bastarda, Dona Isabel. Na realidade histórica, Antonio de Marins Coutinho nasce em Barcelos antes de 1540; morre, segundo Rheingantz, numa emboscada de índios antes de setembro de 1584. Casou com Isabel Velha em Portugal, em Ponte de Lima; foi feito cavaleiro fidalgo da casa real em 18 de janeiro de 1578.
Chegara ao Rio em 1558, ou talvez um pouco antes.

Tiveram filhos: o Dr. Diogo de Marins Loureiro, 2o. provedor da fazenda real no Rio; Antonio de Mariz, o moço; Isabel de Mariz ou Marins, que não era bastarda, casada com Crispim da Cunha Tenreiro; Maria de Mariz, casada com Tomé de Alvarenga; Francisco de Mariz, casado. Todos com sucessão.

Há uma certa incerteza na linha que vai de Antonio de Marins Coutinho até vovó. Descendemos de um Antonio de Mariz, cuja filha vai ser Maria dos Anjos, casada com Antonio de Andrade. Este, segundo a opinião do Barata, é o Antonio, batizado em 1652, filho bastardo de João de Mariz, batizado em 1617, e da escrava Helena, escrava de Tomé Rodrigues; neto de Francisco de Mariz ou Marins Loureiro, n.c. 1582, casado com Ângela dos Banhos, filha de Vicente de Banhos e de Luiza de Castilho.

Antonio de Andrade e Maria dos Anjos, esta filha de um Antonio de Mariz que tentei entroncar acima, foram os pais de Bartolomeu Gomes de Andrade, batizado em 1700, casado com Tomásia dos Banhos da Motta — filha de Manuel dos Banhos da Motta e de Micaela, escrava preta do gentio da Guiné. A filha de Bartolomeu e Tomásia, Clara Maria da Motta, n. 1730, casou-se com Agostinho Ribeiro de Souza, n. 1724. Pais, enfim, de Clemente José Ribeiro de Souza, n. 1750, casado com Lauriana Florinda Naite, n. 1779, filha bastarda de Tomásia Francisca, sem identificação do pai.

Bernarda Florinda Naite, filha de Clemente e Lauriana, nasce no Rio em 1805, onde falece em 1844. Casa com Antonio Gomes de Mattos, senior, em 1826. Foram os pais de Antonio Gomes de Mattos Jr., avô materno de vovó. (Vejam o nome da mulher de Clemente: Lauriana, o nome que Alencar escolhe para o da mulher de Dom Antonio de Mariz. Fascinante coincidência.)

E, noto: nesta linha descendemos de duas, possivelmente três escravas: Helena, com quem tem filho João de Mariz; Micaela, do gentio da Guiné, e, talvez, alguma ancestral de Tomásia Francisca, mãe de Lauriana Florinda Naite.

8 comentários:

Anônimo disse...

Coneça mais sobre o Patrono da União dos Contabilistas Católicos-UCC e fundador da família Marins Coutinho no Brasil.Visite o blog da UCC:http://uniaodoscontabilistascatolicos.blogspot.com

Francisco Antonio Doria disse...

Obrigado, mas apesar de ter dois papas na família - `tios' longínquos, Innocenzo IV e Adriano V - cardeais, bispos e santos, sou agnóstico.

Sou doutor em física. Lembro que São Roberto Bellarmino condenou Galileo, quando era inquisidor. E acrescento: nenhuma religião me oferece a riqueza e complexidade que encontro na física.

Francisco Antonio Doria disse...

Aliás, lembrei de uma coisa: os Dorias tinham como santo patrono a San Matteo, porque eram gabellieri, coletores de impostos, nos fins do século XI.

(Não é exatamente uma profissão das mais simpáticas, essa dos meus antepassados, admito.)

João Mariz Sarmento Macieira disse...

Senhor Francisco António Dória

Sou, neste momento, representante da Família Mariz. Em tempos, e devido a erro de Felgueiras Gayo, pensou-se que a representação estivesse noutro ramo mas, uma sentença sobre um morgadio, em 1759, veio esclarecer esse facto.Assim a família Mariz Sarmento, de que sou Chefe, é representante de nome e armas de Marizes.
Conheço perfeitamente a história de Antóniio de Mariz mas, fico perplexo ao ouvir e ver a grafia Marins e, mais, o apelido Coutinho.Grato ficaria se V. Exa. quisesse ter a bondade de me esclarecer. Aproveito para fazer um reparo. Em tempos, no fórum do Genea, o Senhor Carlos Barata, referindo-se a António de Mariz, parecia pôr em dúvida a sua ascendência fidalga. Disso não há dúvida. António de Mariz era Fidalgo duma geração documentada a partir do séc. X!
Cordialmente e muito obrigado
João de Mariz Sarmento Macieira

Eduardo disse...

Prezados,
Há três indivíduos chamados Antonio de Mariz no Rio de Janeiro. Já foram todos identificados? Serão parentes? Como saber se o Antonio de Mariz entroncado se trata da mesma personagem povoadora do Rio de Janeiro e referido cono um dos capitães seculares?
Descendo de Antonio de Mariz com Isabel Velha assim:
Maria de Mariz x Tomé de Alvarenga;
Antonio de Alvarenga Mariz xx N.N. (será Lopes?) este Antonio é o mesmo que, posteriormente, se casou com uma senhora, chamada Isabel Barbosa e teve uma filha legitima, Maria Barbosa de Alvarenga;
Catarina Lopes de Alvarenga x Francisco Furtado de Mendonça;
Antonio Furtado de Mendonça x Maria dos Reis;
Catarina de Alvarenga x Bernardo da Silva Senna;
Joana Maria de Jesus x dr. André Alves de Oliveira;
Bento José Alces de Oliveira x Maria Faustina do Nascimento Moreira;
Maria Faustina Alves de Oliveira x Isidro Borges Monteiro;
desembargador Isidro Borges Monteiro x Augusta Rosa da Silva;
Henrique Borges Monteiro x Illydia Corrêa de Araujo;
Maria Borges Monteiro x Eduardo Wilson Junior;
Eduardo Wilson Neto x Zilda Catarina Sica;
Eduardo Pellew Wilson x Maria Augusta de Araujo Jobim;
Eduardo pellew Wilson junior.
Tem apenas uma quebra de bastardia pela filha natural reconhecida de Antonio Alvarenga de Mariz, Catarina Lopes de Alvarenga. Será esta mesma Catarina Lopes de Alvarenga a senhora que liderou a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, foi heroína e sua memoria so se perpetuou na familia?
Cordialmente,
Eduardo Pellew Wilson

Eduardo disse...

Ainda em tempo: de onde de tirou o uso do dom para Antonio de Mariz? Às vezes é referido como Antonio de Mariz Coutinho, mas de onde vem o Coutinho?! Carlos Gomes estilizou muito a familia de Antonio de Mariz. Aliás, à diferença de São Paulo, o Rio de Janeira não cultiva a memória de seus povoadores...pena, mas é a pura verdade. E nem são gente da ralé, ao contrário, apesar de inúmeras declarações, estapafúrdias, que já ouvi a respeito, sendo os povoadores do Rio de Janeiro criminosos, degredados e assassinos...! Reescrever a historia à imagem desse maldito PT, onde, aí sim, há muitos corruptos e gente da pior espécie.

Eduardo disse...

Ainda em tempo: de onde de tirou o uso do dom para Antonio de Mariz? Às vezes é referido como Antonio de Mariz Coutinho, mas de onde vem o Coutinho?! Carlos Gomes estilizou muito a familia de Antonio de Mariz. Aliás, à diferença de São Paulo, o Rio de Janeira não cultiva a memória de seus povoadores...pena, mas é a pura verdade. E nem são gente da ralé, ao contrário, apesar de inúmeras declarações, estapafúrdias, que já ouvi a respeito, sendo os povoadores do Rio de Janeiro criminosos, degredados e assassinos...! Reescrever a historia à imagem desse maldito PT, onde, aí sim, há muitos corruptos e gente da pior espécie.

Eduardo disse...

Prezados,
Há três indivíduos chamados Antonio de Mariz no Rio de Janeiro. Já foram todos identificados? Serão parentes? Como saber se o Antonio de Mariz entroncado se trata da mesma personagem povoadora do Rio de Janeiro e referido cono um dos capitães seculares?
Descendo de Antonio de Mariz com Isabel Velha assim:
Maria de Mariz x Tomé de Alvarenga;
Antonio de Alvarenga Mariz xx N.N. (será Lopes?) este Antonio é o mesmo que, posteriormente, se casou com uma senhora, chamada Isabel Barbosa e teve uma filha legitima, Maria Barbosa de Alvarenga;
Catarina Lopes de Alvarenga x Francisco Furtado de Mendonça;
Antonio Furtado de Mendonça x Maria dos Reis;
Catarina de Alvarenga x Bernardo da Silva Senna;
Joana Maria de Jesus x dr. André Alves de Oliveira;
Bento José Alces de Oliveira x Maria Faustina do Nascimento Moreira;
Maria Faustina Alves de Oliveira x Isidro Borges Monteiro;
desembargador Isidro Borges Monteiro x Augusta Rosa da Silva;
Henrique Borges Monteiro x Illydia Corrêa de Araujo;
Maria Borges Monteiro x Eduardo Wilson Junior;
Eduardo Wilson Neto x Zilda Catarina Sica;
Eduardo Pellew Wilson x Maria Augusta de Araujo Jobim;
Eduardo pellew Wilson junior.
Tem apenas uma quebra de bastardia pela filha natural reconhecida de Antonio Alvarenga de Mariz, Catarina Lopes de Alvarenga. Será esta mesma Catarina Lopes de Alvarenga a senhora que liderou a expulsão dos franceses do Rio de Janeiro, foi heroína e sua memoria so se perpetuou na familia?
Cordialmente,
Eduardo Pellew Wilson